Isso vai como Juice

Passagens a 35 euros! Pergunto o seguinte: Imaginemos que já em 2013 cada residente nos Açores passa a ter o direito a reservar duas viagens por ano de ida e volta ao preço de 35€ one way entre os Açores e o Continente. Para que isso seja possível, reservar-se-iam os 25% de lugares que viajam sempre vazios na SATA e extinguir-se-ia a classe “vip”, logo ganhar-se-ia mais 15% de lugares sentados em cada avião, que passaria a ser reservados também às passagens a 35€ (70€ ida e volta), o mesmo preço que qualquer low cost faria em plena concorrência. Isso significa que do total de 8 aviões da frota da SATA internacional, era o mesmo que passar a ter em lugares sentados o correspondente a 9,2 aviões ou seja mais 1,2 aviões totalmente de “borla” e 40% de lugares afetos a passagens low cost (soma dos 25% dos lugares sempre vazios com os 15% de lugares ganhos com o fim da classe executiva) ou seja, passaríamos a ter quase 3,7 aviões a viajar ao preço low cost, quase ao custo fixo zero. Que consequências isso traria aos Açorianos, à economia dos Açores e à SATA Internacional? Quanto à SATA, provavelmente deixaria de ser conhecida por ter tantos aviões constantemente no solo e passariam a estar sempre em voo. Claro que cada Açoriano quereria aproveitar a benesse anual dada e iria pelo menos procurar reservar uma ida e volta ao continente ao preço de 35€ cada. Claro que se esgotariam os lugares em época alta, transferindo-se os mesmos para a época baixa, “enchendo” aviões tanto em época alta como em época baixa. Claro que tudo isso significaria um aumento quase exponencial da procura, proporcionando à SATA taxas de ocupação perto dos 100% e vendendo lugares que antes viajavam sempre vazios. Claro que as receitas da SATA aumentariam mais que proporcionalmente, pois receberia por este tipo de passagem de ida e volta o valor total 155€ ou 175€ com o subsídio ao residente. É evidente que na volta, viriam muitos lugares vazios, que seriam disponibilizados na mesma lógica de low cost a 35€ a turistas vindos do continente, logo fariam disparar as taxas de ocupação dos hotéis. Claro que a restauração também receberia um folgo adicional bem como toda a economia Açoriana, que beneficiaria desta crescente no turismo como “pão para a nossa boca” e o emprego na região cresceria, nos dando uma “folga” da profunda crise que vivemos. Também é evidente que existiria algum efeito de canibalização destas passagens sobre as do serviço regular a preços “exorbitantes” e que castram o nosso desenvolvimento, mas que garantem o serviço público de qualidade standard com regras mais flexíveis e que permitem ao passageiro coisas como possibilidade de faltar ao voo sem penalizações, serviço de refeições a bordo, razoável capacidade de transporte bagagens sem pagar, etc. Claro que as passagens a 35€ obedecem à mesma lógica que uma verdadeira low cost, com todas as limitações que as mesmas obrigam, mas dando a hipótese de todos, mesmo todos os Açorianos, de viajarem até ao continente. Assim, é claro que também as receitas disparariam e seria garantida a sustentabilidade da SATA. Este modelo de transportes aéreos para os Açores, na prática teria o mérito de garantir em simultâneo um conjunto de premissas e princípios que outro qualquer modelo não garante, dado que conjugar vários vetores: -1.º Conjugaria o que os Açorianos desejam e ambicionam para o seu modelo de transportes, ou seja, um serviço com voos regulares e voos equivalentes a low cost; com -2.º as características que o modelo teria de ter para assegurasse o melhor desenvolvimento económico dos Açores, e isso é obtido quando os preços das passagens se baseiam em custos de eficiência e de operação internacionais, fora da lógica e da estrutura monopolista; e -3.º a velha questão de como se assegura a sustentabilidade financeira SATA, uma vez que a “liberalização” total implicará a falência da mesma, e este modelo assegura a viabilidade pela compensação dos efeitos negativos pelos positivos nas receitas, resultado do crescimento do número de passageiros. Além disso, o acréscimo de voos garante muito mais espaço de carga e eventual dispensa de um avião cargueiro. Finalmente, este novo modelo permitiria termos já ligações e preços de low cost nas ligações com o continente a partir de todas as gateways dos Açores, afastando-se a ilusão de que o mercado dos Açores é atrativo às low costs, claro que o é, mas só em época alta (3 meses de verão) e para a gateway de S. Miguel, deixando de fora o resto do ano, as outras gateways e claro 50% dos Açorianos. • Célio Teves

2 comentários:

Anónimo disse...

Como se diz na minha terra: "Pérolas a porcos!"

Carla

Flutuações da mente disse...

Gostei. Subscrevo.