Sabe bem ter vizinhos destes

O problema não é de agora e muito menos terá solução em breve. Mas esse será, provavelmente o texto mais bem escrito sobre o temo. Vejam lá se não concordam:

...“O inferno desceu ontem na Vinha d’Areia em Vila Franca do Campo. Guru Josh Project foi o sacerdote de serviço para uma noite de embrutecimento colectivo e tribal. 5 Euritos eram o preço do castigo fustigado com prazer pelos dj´s de serviço. Era o meu turno como chauffeur de serviço por conta das minhas obrigações parentais. Consequentemente, toda a provação desta representação terrena das terras do demo foi passada a laranjada e inteiramente sóbrio. Nem uma gota de álcool, numa circunstância em que o mesmo seria como água no deserto. Com a praia ali ao lado a metáfora morrer na praia (de sede) ocorreu-me num dos escassos intervalos do martírio. Não sou um puritano! Mas aquilo foi um festival típico de um ajuntamento da idade da pedra lascada. No lugar dos tambores tínhamos linhas de baixos electrizantes que moviam os quadris das fêmeas, em torno das quais os moçoilos, da vila e também de outras paragens, meneavam os habituais ritos da corte. Uma lástima! Sinais dos tempos com os quais temos que nos contemporizar? Certamentente que sim! Porém, não havia necessidade de complementar a banda sonora da noite com um ou outro arraial de pancadaria, com direito a sangue e a trapos rasgados. Nem havia sequer necessidade para o cortejo recorrente de pré-adolescentes, sem distinção de género, em estágio de coma alcoólico ou enroscados no vómito do excesso de caldeados empinados durante a noite. Com efeito, nos barracões da Especial da Melo Abreu das "torneiras" da tabernagem, além da cerveja, jorrava a rodos vodka preta (!), cachaça do Brasil, pisang ambon, sabe-se lá de onde, e red bull para lavar a tripa e recomeçar de novo. Que raio de malta é esta que não sabe curtir? No resto ficou também o registo assinalável do espírito empreendedor dos indígenas. À míngua de sanitários, e proibidos que estavam de ir à praia para responder aos apelos da natureza, fizeram uso colectivo dos balneários onde se urinou, defecou e vomitou nos duches e nos lavatórios. Porventura as estrumeiras para o efeito já estariam entupidas quanto baste. Tudo isto no nobre passadiço circundante do AquaParque cujo espaço presumo tenha sido lavado à pressão de água e lixívia pelos Bombeiros Locais no Day After. Nota máxima para a organização, incluindo Bombeiros e Polícia Marítima, que impediram o acesso à Praia das Francesas e fizeram figura de corpo presente sempre prontos para a retirada estratégica de uma ou outra baixa, por sinal todas elas com sinais morfológicos de menoridade, civil e mental, para o centro de saúde mais próximo. Eu recolhi a casa, são e salvo, mas crente de que tinha escapado incólume de um pesadelo. Se esta é a bandeira dos Açores que as novas gerações querem para o futuro a hipoteca do mesmo não vale sequer um "fino" da Especial ou de qualquer outra congénere do "continente".”

João Nuno Almeida e Sousa – JNAS no :Ilhas

Obrigado João Nuno pelas tuas visões sempre muito bem argumentada, que conjuntamente com os pontos de vista do Carlos Rodrigues, agora regressado em força, têm servido de farol para muitos de nós na blogosfera Açoriana.

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado pela reprodução do texto. Diverti-me também à brava com a saga do Bife no Bar da Praia.
JNAS