São Jorge, agulha marear cujo destino quis que orientasse os Açorianos do Velho para o Novo Mundo. Terra de tesouros gastronómicos e de belezas estonteantes, de falésias verdejantes e de lagoas assombrosas, de gente afectuosa e de fajãs imensas, que tivemos a honra de visitar.
Para as Velas (acesas) gritou (a parte entre parênteses já não foi bem a gritar) o tripulante do Expresso das Ilhas, no Porto das Pipas. Noventa minutos e muitas vagas depois, já estávamos protegidos pelas gigantescas falésias da costa Sul. Uma pequena paragem na simpática vila da Calheta e lá seguimos rumo a Velas. Histórica vila que desde de sempre soube acolher os seus visitantes. De ruas estreitas e com edifícios muito bem preservados, a sede de concelho com mais de 5000 habitantes foi um bom ponto de partida para desbravar o resto da ilha.
Deparamo-nos com a peculiar freguesia da Urzelina. Lugar histórico e muito massacrado pela erupção vulcânica de Maio de 1808. O seu pequeno e outrora importante porto é mais uma pérola na lindíssima, rochosa, costa Sul e que merece ser visitado, nem que seja pelo motivo que apresentamos – o extraordinário restaurante O Castelinho.
Sempre com a ilha do Pico a acompanharmos, percorremos mais um pouco a costa ao longo de pitorescos locais, com pouco mais de meia dúzia de robustas habitações, onde o negro do basalto impera, à volta do pequeno cais, onde os dias passam ao ritmo das estações.
Seguimos então para a outra vila da ilha. Mais pacata do que Velas, a Calheta não fica nada atrás da sua vizinha em termos de beleza natural. As poucas pessoas que nos cruzamos aconselharam-nos um local verdadeiramente mágico – o portinho da Calheta. Com as suas águas cristalinas, repletas de peixes de inúmeras espécies, que ali, entre o basalto negro, encontram refúgio. Um verdadeiro paraíso para os amantes do Mar e que nos deliciou, assim como o pequeno escorrega (horas e horas de diversão e deslizar para as águas límpidas do pequeno porto). Mesmo à sua beira podemos encontrar um pequeno parque de campismo, muito bem equipado, um bar e uma empresa de animação turística.
Dali até à ponta e o ao Ilhéu do Topo já faltava pouco. Rumamos ao extremo Este da ilha mas não sem parar em Santo Antão, afamada terra onde se modernizou a tradição da matança do porco. A pouco mais de 1000 metros do farol da terra que empresta um dos nomes do queijo, vislumbrámos reserva natural do ilhéu do Topo. Serpenteamos pela costa agreste e conseguimos chegar até ao pequeno mas tempos importante porto mais Oriental da ilha.
Viramos costas a nascente e fomos até à deslumbrante costa Norte, à procura do ex-líbris da ilha, as fajãs. São mais de cinquenta e de duas origens distintas: formadas de materiais desprendidos das arribas ou por escoadas lávicas que formaram deltas junto à costa. Atravessamos o planalto do centro da ilha, sempre vigiados, ao longe (a 15km) pela majestosa montanha do Pico e eis que nos deparamos com um cenário magnifico, que nos deixou completamente atónicos. Mesmo ao nossos pés a Fajã dos Cubres e lá ao longe, em perfeita harmonia entre o verde da encosta e o azul cristalino do Mar, a Fajã da Caldeira do Santo Cristo. Pasmos com tanta beleza e como para provar que era real, descemos até à margem da pequena lagoa. Realmente existem nos Açores locais mágicos.
Atordoados ainda com tal toque celestial, seguimos até à lindíssima Fajã (lávica) do Ouvidor.
Terminada a estrada pelo Norte, rumamos à freguesia de Rosais e para completar os 53 km de extensão da ilha, seguimos ao encontro ao melhor e tecnologicamente mais avançado farol da rede portuguesa, aquando a sua inauguração, Maio de 1958, o Farol da Ponta dos Rosais. Avançamos pela estrada de terra, e ais que surge, por entre o nevoeiro que entretanto caíra, sobre espectaculares escarpas, a mais de 200 metros acima do nível do mar, a imponente estrutura, guardiã dos que passam a seu largo. Abandonado depois do sismo de 1980 e antes, durante a Crise sísmica dos Rosais de 1964, a ex residência de uma comunidade de meia dúzia de famílias, totalmente auto-suficiente em energia e água, só possui um pequeno farolim alimentado a energia solar, no cimo da torre. Um excelente local, não para dizer adeus mas sim um até já.
Como chegar lá: de Abril a Setembro (e em princípio durante todo o ano a partir de 2009) a ilha é escalada pelos navios da Atlânticoline, é uma opção muito válida já que são navios confortáveis e, principalmente, por ser monetariamente mais apetecível, sobretudo se possuir o cartão Interjovem. Os mais pequenos e rápidos navios da Transmaçor escalam o porto das Velas durante o ano todos e durante o Verão ligam a ilha de S. Jorge à vizinha Terceira. Por outro lado, a Sata disponibiliza ligações diárias com o Terceira e S. Miguel.
Como se deslocar: sendo um paraíso para os amantes de caminhadas, com trilhos muito bem conseguidos, o pedestrianismo não pode ser uma escolha para todos, já que a extensão da ilha não permite. Os transportes públicos em S. Jorge não são uma boa alternativa pois as carreiras não são muito frequentes. Por isso aconselhamos o aluguer de viatura.
Onde ficar: a ilha possui um hotel de 3 estrelas – o Hotel São Jorge Garden, várias residências e começam aparecer, não tanto como no Pico, empreendimento muito interessantes e que, na nossa humilde opinião o melhor futuro para o turismo nos Açores, como por exemplo a Quinta do Canavial.
Existem pelo menos três parque de campismo (Velas, Urzelina e Calheta), todos eles muito bem equipados e superiormente localizados, principalmente o da Urzelina e Calheta.
Onde comer: na terra do mais conhecido queijo dos Açores, já aqui tivemos o prazer de apresentar um dos nossos restaurantes preferidos – o Castelinho. Sem dúvida uma referência mas existem outros. A Casa de Pasto Manezinho ali ao lado e o Restaurante da Escola Profissional de São Jorge, tinham muito bom aspecto. Não deixe de provar: as espécies, os coscorões, as rosquilhas de aguardente, os suspiros, os olvidados, os bolos de véspera, os cavacos, a queijada de leite e a açucareira branca.
2 comentários:
Não tarda nada o J Forquilha ta-se aqui a queixar de mais um post de 30 mts!
Tá excelente cousin!
Já estive a medir e tem 36…
… centímetros!
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