Em tempos contaram-me uma história de uma competição entre os submarinistras portugueses e espanhóis em que o desenrasque português não deixou qualquer margem de manobras aos espanhóis e lá levaram, pelo 985º, com mais uma derrota pelos queixos acima.
Ora era precisamente dessa maneira inata de resolver os assuntos que queria falar. O mestre Artur, o antigo mecânico dos BVRG era tudo isso mas ao contrário. O tempo que passou em Angola a remendar pistões das locomotivas deu-lhe muita experiência, completamente inútil cá nos Açores. Mas moto bombas era com ele. Ele arranjava-as todas. Quanto às viaturas é melhor passarmos à frente. Até porque depois descobrimos que o problema estava na graduação dos óculos: eram muito bons para avistar baleias e para vigiar praga, nas crateras de lua, mas para apalpar folgas dos cilindros já não dava.
Isso tudo para dizer que o bombeiro de 2º classe Artur juntou o melhor das savanas africanas com o seu conhecimento empírico de mecânico e transformou-se numa espécie de S. João Baptista dos BVRG: ele baptizava todos os novos maçaricos que saíam das recrutas.
Ora como há tempos recebemos uma enorme e muito especial nota de agradecimento publica, na qual estão publicados os nomes de alguns bombeiros, decidi, agora, desvendar ao Mundo o lado obscuro dos Soldados da Paz da Ribeira Grande – os seus nomes de guerra:
O do chefe José Manuel Pacheco, eu não posso dizer, mas só porque ele é chefe. Mas o do Sub-chefe António Pinheiro eu já posso dizer, até porque é fofinho, o nome, não ele, pelo menos é o que estava escrito na Maxmen. Ao Sub-chefe António Pinheiro, nos dias que estamos longe dele suficientemente para não ser atingidos por nenhum par de botas tamanho 42, chamamos-lhe Tony Camião – cantor de música bimba de Nova Iorque, ao Luís Correia - T-bone steak, porque foi a única palavra que ele aprendeu em 15 dias nos Estado Unidos, ao João Melo – João Bloto, o Ninja do Burguete, Fábio Silva – marreco, não me perguntem porquê pois ele só está há 2 anos nos bombeiros e não está autorizado a falar ainda. E o Hélder Raposo, que também é da mesma recruta do marreco, demos um bocadinho mais de trela pois ele nasceu praticamente no quartel, o mestre Artur deu o bonito nome de… não, não foi isso, o mestre Artur nesse dia estava de folga e a Selecção ganhou um jogo e depois já não havia condições para dar nomes a ninguém, pelo menos que se percebessem, então optamos por dar o mesmo nome do que demos ao pai – Meia, dizem que foi preciso só meio serviço e nome meses depois ele nasceu!
Depois há ainda aquela vez em que fomos, em grupo, tirar a carta de marinheiro e o formador obrigou-nos a provar que sabíamos nadar. Como?! Eu já explico:
“- Podemos tirar cópia do cartão de Nadador Salvador?
- Não, não podem!
- Mas… se tiramos o curso é porque sabemos nadar.
- Não, não podem!
- Mas…
- Não! Têm que vir amanha para a piscina ou então o vosso comandante assina uma declaração como sabem nadar.
- Sim senhor!”
Depois de algum tempo a tentar convencer o comandante de que isso era mesmo real e aconteceu cá, não na Eritreia, lá o nosso superior, de então escreveu um dos seguintes textos:
“Eu … confirmo que Valter… possui os Skills suficientes para a prática de natação…”
Não é preciso dizer qual é o nome que passamos a chamar o Valter, pois não? Por falar nele, há tempo que Skills não aparece aqui no quartel.
2 comentários:
Fiquei a saber mais um pouco sobre o meu quartel do Bombeiros mas continuo a desejar não me cruzar com vocês :)
Cadês
Almofariza
Não temas vizinha. Até porque nós não somos só sinónimo de incêndios, acidentes ou catástrofes. Também fazemos vigilância, prevenções, acções de formação, acções de sensibilização, simulacros, nascimentos, bons churrascos e na generalidade somos bons cozinheiros, namorados/as, maridos/esposas, amantes e bons pais. Ah! Quase que me esquecia da charanga, da equipa de manobras e dos torneios de varias modalidades desportivas que entramos.
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