Todas as vezes que leio uma notícia dessas fico pior do que a Lagoa das Furnas, num domingo à tarde: ébrio, destroçado, amarelo e cheio de gazes. E eu que pensava que com a crise, com a falta de liquidez e afins, o betão já não seria derramado em tudo o que é recanto desses nosso nove, quase ex - paraísos. Não! A estupidez continua.
Mesmo depois da aberração do Porto da Caloura, que não serve ninguém, mesmo depois do Porto do Porto Formoso que serve para atracar os barcos que as crianças constroem a partir de material reciclado, mas só nos dias de marés vivas, mesmo depois da Fajã do Calhau, mesmo depois do bunker, de meio milhão de euros, com três duches, que alguém chamou, e está lá escrito, balneários, na praia dos Moinhos, mesmo depois dos milhões despejados à volta da Lagoa das Furnas, em mais três bunkers, um cemitério, (se não é parece), pedras pouco alinhadas e demolidoras para os joelhos – vê-se logo que os políticos nunca andam a pé, quanto mais percorrer um trilho completo – mesas e bancos revestidas com “pedra de lavoura” – estão mesmo a ver como é que aquilo vai ficar, não estão?! Eu digo: cheios de musgo, naqueles buracos do basalto serrado. Mesmo assim a destruição, daquilo que a Naturezas nos presenteou, continua.
Imagem do fórum (leste bem Jesus?! Fórum e não forno)interno do Candilhes e amigos.
Já não basta?! Até quando é que vamos ver os nossos recursos serem destruídos?
Porque é que não conservam aquilo que a Natureza nos deu ou aquilo que de correcto foi construído? Os únicos dois bons exemplos são: o Areal de Santa Bárbara, cujo piso está bem degradado e o miradouro do Pico do Bode, na Povoação – esse é impossível lá chegar, a menos que seja de tractor ou de um jipe, mas tem que ser daqueles grandes – o piso e a vegetação não deixam.
Imagem retirada daqui.
Será que os nossos políticos já ouviram falar em manutenção? Se é por causa das cerimónias em que os senhores descerram um placa – agente têm a solução. Que tal: “no dia tal do ano tal, fulano inaugura a obra de manutenção desse mês” E assim sucessivamente. Colavam-se umas por cima das outras, tal igual à reprodução das enzimas.
Não falei das Termas da Ferraria, de propósito pois estou ainda à procura de um termo para toda aquela trapalhada.
Mas isso não acaba aqui. De acordo com a mesma noticia, de hoje, do Açoriano Oriental, “o que resta da antiga fábrica das Lombadas será demolida”, não só para dar lugar ao tal “centro interpretativo” mas também a uma “casa de chá e espaço de memória fotográfica( …)”
Mais: “incluindo a reabilitação do acesso às Lombadas desde as Caldeiras da Ribeira Grande.” Ou seja: betão ou asfalto para dentro – aquele que for mais barato - e o pavimento original deverá guarnecer a entrada da casa de férias de algum politico ou outro ricaço.
Tanto essa como as outras imagens que estão a seguir foram retiradas do nosso vizinho Bruno do Moto Azores.
“Prevista está também uma intervenção na chamada “Casa da Nascente”, que será recuperada, embora sem cobertura – terá apenas um ripado para filtrar a luz – ao mesmo tempo que passará a estar ligada à zona da antiga fábrica, do outro lado da ribeira, por um passadiço. Um parque de estacionamento irá ainda surgir nas Lombadas.” – resta saber se com ou sem parquímetros.
Ora vamos lá ver: “uma casa de chá”, “passadiço”, “cobertura ripada”, “parque de estacionamento”, estamos a falar de uma metrópole ou de um local por onde costumam passar, por dia uma dúzia de carros e, no máximo, duas dezenas de pedestrianistas, quatro gaivotas e seis trutas?
Não estou contra recuperar um local há muito abandonado e muito rico em história, mas essa recuperação deve ser muito bem pensada, melhor executada e excelentemente mantida. Basta de despejar betão como quem despejas a mistura dos nossos impostos com o dinheiro da Europa.
Já tinha escrito mas nunca é demais lembrar que essas fotos são da autoria do nosso vizinho Bruno do Moto Azores.
2 comentários:
Que bela gente que temos nós a governar os Açores
O Pico dos Bodes é o maior foderómetro da ilha. São candóminos e lencinhos de papel em doses industriais.
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