(…)“sempre ouvi dizer que quem não dá nada nos estudos vai para bombeiro ou para coisa pior...”
Não é, porventura, a melhor forma de começar um texto, ou algo que pretendia ser um texto. Mas também o júnior queria partir o pescoço a alguém e não conseguiu – o que seria difícil pois o telefone não era daqueles modernos. Mas foi dessa forma que fomos abordados por um semi-anónimo, um dia desses, aqui no Candilhes, quando distribuíamos mais um doce.
Depois de ler aquilo, pensei, pensei, pensei… de acordo com o tal senhor, eu não, ou melhor, nós não pensamos muito. E a que conclusão cheguei? Que o semi-anónimo tem razão.
É preciso ter o cérebro, no mínimo, um bocadinho bloqueado, para “socorrer” uma suposta vítima cuja única queixa era (preparados?) dor de dentes, isso às 03:00 (três da manhã) e ainda ter um sorriso nos lábios para resolver essa e a situação seguinte, duas horas depois, mas dessa vez a queixa era outra: “não tenho sono!”
É preciso ter o cérebro um bocadinho preguiçoso para manter a calma no meio de um acidente rodoviário e ignorar por completo, ameaças e ofensas verbais, porque demoramos 2 minutos e meio do quartel até ao local do acidente.
É preciso ser um pouco “naíf” para fazer tudo isso como voluntário (leia-se fora do seu horário e sem receber sequer um obrigado, mas esmagadora maioria das vezes).
Mas não se preocupe, meu caro, da próxima vez que estiver a dançar, ao som da máquina de lavar roupa, nu, só com o cartão de militante do PS, entre os dentes e partir o quinto metacarpo, não se acanhe, ligue-nos que vamos, o mais depressa possível socorre-lo, e com sorte ainda estendemos a roupa. Mas só se estiver bom tempo ou o Pedro Mata der luz verde. Nos Bombeiros a única descriminação que existe é a positiva – socorremos todos, sem excepção, mesmo aqueles que falharam no teste de admissão a Aspirante a Bombeiro.
Eu podia dar continuidade a este texto com frases como: está redondamente enganado, meu caro, os Bombeiros Portugueses são Profissionais na acção, voluntários por opção, altamente qualificados, com formações contínuas e sempre actualizadas, em diversas áreas de actuação.
Eu podia acrescentar que, por exemplo, nas duas ultimas formações que tivemos, em conjunto com civis, as três melhores notas eram de bombeiros e pertenciam à turma dois administradores de Centros de Saúde e Hospital. Nos cursos de socorrismo, o mesmo acontece muito regularmente.
Podia dizer que, o quadro activo, tanto dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande, Ponta Delgada, Vila Franca e Povoação, (não falo do Nordeste, pois não conheço tão bem, como os outros) estão preenchidos por efectivos que têm escolaridade mínima, por elementos que terminaram o ensino secundário, mas também por muitos licenciados e até há mestres e pelo menos um Doutorado, veja lá. Que não são mais, nem menos do que os Bombeiros pedreiros, bancários, carpinteiros, lavradores, pintores, cozinheiros, oficiais de justiça, mecânicos, informáticos e membros da juventude “socialista”. Lá dentro o quem mais ordena são as divisas ou os galões, a experiência e sabedoria, a calma e a coragem, o conhecimento e destreza.
Só não temos muito experiência com situações que envolvam o simpático Candiru. Só para o caso de ser o feliz contemplado com a sua companhia. Se tal ocorrer, se calhar será mesmo melhor ligar para alguém no Amazónias ou no Rio Madeira.
Eu podia escrever tudo isso mas é melhor não. Prefiro deixa-lo só com essa imagem, do nosso vizinho – Portugal é porreiro, pá! Poupo em palavras:
1 comentário:
Só um verdadeiro ignorante e menino do papá e da mamã poderia dizer tal coisa! É caso para dizer que só vai para deputado quem é preguiçoso e não sabe fazer outra coisa na vida (como por exemplo trabalhar).
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