Hipoglicemia - “Nadando no Mar amarelo”

História verídica, podemos garantir, passou-se numa freguesia a qual não podemos divulgar nem muito menos a Corporação de Bombeiros.
A sirene interior soou. Dois toques - doença súbita. Em passo rápido lá seguiram rumo à morada indicada pela central.
Chegados lá compreenderam perfeitamente Napoleão quando regressava a casa depois de muitas conquistas e Josefina, a seu pedido, deixava de tomar banho, um mês antes, ou mais.

Na casa havia entulho suficiente para construir mais duas Portas do Mar e pelo aspecto do chão (acastanhado com um ligeiro degradê negro) os operadores dos limpa neves estavam novamente de greve.
“Então minha senhora o que é que se passa?”- perguntou o bombeiro à senhora que estava deitada na cama, ou melhor no conjunto de madeira coberto por aquilo que parecia outrora o relvado do Estádio de S. Miguel. Pura ilusão de óptica já que se confirmou que era mesmo um colchão.
-“Eu cai no quintal e tenho a perna a doer!”
- “Foi há muito tempo?”
- “Não, a semana passada!”

Lá então levantaram, com cuidado já que havia suspeita de fractura (depois confirmada com o raio-X) da perna esquerda, a senhora da “cama” para a maca.
Ali ao lado, partilhando o mesmo colchão, encontrava-se o marido, que só grunhiu quando um dos bombeiros acidentalmente o tocou no braço. Atordoado, quiçá com o ar limpinho dos soldados da paz, gritou por um dos filhos e perguntou pelo chá.
- “Está ai mesmo na mesinha de cabeceira!” – respondeu um dos filhos. E lá estava a dita, um pouco estragada pelo tempo e pela humidade, mas com uma boa escova de aço e com o trabalho de três meses da equipa do Querido Mudei a Casa – devidamente equipada com aparelhos respiratórios e a peça de mobiliário seria digna da página 45 do catálogo de 2009 do IKEA.

Surpresa deles quando encontraram não um, mas dois recipientes em cima da tal mesinha de cabeceira. Duas chávenas da mais requintada porcelana Vista Alegre, cheia com um magnífico chá verde da Gorreana – lote Lagoa do Fogo, à venda na loja Gourmet do El Corte Inglês pensará o nosso caríssimo leitor!

Nada de mais errado, eram nada mais, nada menos do que dois vasos de noite, vulgarmente chamados de penicos cheio até à borda: um com chá e o outro com um líquido amarelado.

Dai só podemos concluir que aquele senhor tem uma excelente memória.

1 comentário:

Sónia Miranda disse...

Não me ocorre outa palavra para dizer que não: Foda-seeeeeeeeeeeeee!!!!!!