Greve CobardeQueria só dizer que apesar das inúmeras trocas de galhardetes (nas quais apenas 1 vez faltei ao respeito a alguém - sendo que o oposto não poderia estar mais longe da verdade),nada tenho contra professores. Ao longo da minha vida académica apanhei bons e maus professores. Não há qualquer tipo de perseguição neste blog ou por parte da minha pessoa.
Numa observação espontânea sobre a greve dos professores e enquadrada, apenas, no âmbito do seu reflexo de consciência colectiva, invade-me uma desgostosa sensação de pura cobardia. Não me refiro ao conteúdo das reivindicações em questão sobre o modelo de avaliação mas sim à forma de combate traduzidas em greve.
O ser humano e a consequente sociedade têm vindo a evoluir adaptando as suas necessidades fundamentais em função da igualdade de direitos e deveres na precursão de um modelo equitativo e, quase sempre, respeitando em iniciativa os efeitos colaterais.
Hoje, no entendimento das sucessivas camadas dos direitos e deveres fundamentais, já com um desenho de preocupações futuras, teria que se entender a greve numa perspectiva mais ampla de acordo com os seus, possíveis, efeitos colaterais nefastos para aqueles que são os verdadeiros penalizados.
A Constituição Portuguesa salvaguarda na generalidade o direito à greve e no nº 3 do artigo 57 refere a importância, relativamente a segurança, de “…serviços mínimos indispensáveis para acorrer à satisfação de necessidades sociais impreteríveis”, não fazendo qualquer restrição a qualquer outra medida que possa por em causa os direitos fundamentais relativamente aos direitos de educação, bem como, o dever de não privação ao seu acesso.
No sector público deveria existir um modelo de greve que não lesasse e penalizasse os interesses de terceiros sem, contudo, se pusesse o direito à contestação e reivindicação em causa.
Intriga-me a falta de consciência nestes propósitos sabendo logo quem serão os principais lesados neste tipo de greve, bem como, todas as outras greves no sector publico que apenas prejudicam o contribuinte. Aqueles que hoje, fazem greve, pouco se importando das crianças que ficaram ao abandono, foram aqueles que, também, se indignaram com as greves em outros sectores da função pública, incluindo os médicos, alegando uma falta de consciência por parte destes ao fazerem greve. E assim, sucessivamente e alternadamente, são os próprios a indignarem-se, contestando-se e ciclicamente ignorando-se.
A extravagância ainda se exalta mais quando se houve falar, com regozijo, sobre o número de escolas fechadas e a afluência à greve, sem que haja coragem para mencionar o número de crianças que ficaram ao abandono. Uma pura cobardia.
Neste contexto fico com muitas dúvidas sobre as verdadeiras razões, até porque, de facto, se elas existissem em profundidade a luta seria digna. Bastaria se manifestarem reivindicando o que é de direito, por exemplo, a um Domingo, onde ninguém sairia prejudicado. Mas de certeza que não dá muito jeito, o interesse é deles, que se “lixem” as crianças. E, também, porque não, sem qualquer apologia à precariedade, auscultar todos aqueles professores que não conseguiram colocação sobre um vínculo a este modelo. As regras são para se cumprir independentemente de convergências, diálogos e mesmo alterações. E estas regras iniciam-se no acto eleitoral respeitando os resultados da vontade maioritária e no voto de confiança por estes depositado, não se circunscrevendo, somente, ao mais fácil e fútil, a greve com consequências negativas para os mais frágeis.
Nos Açores a cobardia reveste-se de outro propósito. Aqui se pode aferir sobre um estatuído de má fé numa manifesta antevisão do pensamento da Secretária Regional criando, na assunção de interesses, um clima de desconfiança na credibilidade do sector.
Para além da consciência, do coerente e razoável julgo pertinente dar espaço à maturidade.
Fecho como comecei atribuindo a nota de cobardia a este tipo de greve sem que tenha existido o mínimo de escrúpulos na protecção dos verdadeiros prejudicados, as crianças.
Por muita razão que possam ter, a moeda de troca, nunca, em circunstância alguma, deveria ser os nossos filhos
Rui Simas
in Açoriano Oriental de 4 de Dezembro de 2008
Agora, eu e tantos outros não podemos deixar de assistir incrédulos a tanto protesto contra algo que está a tentar ser feito para melhorar o ensino.
Basta! Diálogo, não ardente desejo de protagonismo de um sindicalista que nada contribui, a não ser para noticias de abertura de telejornal.
13 comentários:
Caro André
tem todo o direito a ter uma opinião negativa sobre os professores e os motivos da sua luta (e quanto menos informado estiver mais estará contra eles).
O artigo que reproduz é de uma grande infelicidade, falho de conteúdo e sem qualquer argumento verdadeiramente válido,e até com insinuações maldosas e sem fundamento.
Desde logo quando diz que os professores deviam manifestar-se ao Domingo, esquecendo, ou ignorando que ainda na última sexta-feira, à noite,em Ponta Delgada,debaixo de chuva, os professores sairam de casa para demonstrar o seu descontentamento. Neste caso sexta à noite ou Domingo é indiferente. (Não foi em horário escolar)
Quanto aos inconvenientes das greves só há uma maneira de acabar com eles, é acabar com as greves.
É isso que propõem?
E já agora acaba-se também com a democracia, não?
com o devido respeito,
penso que a passagem pela escola enquanto aluno não confere a ninguém conhecimento suficiente para se pronunciar com profundidade sobre os problemas do sistema educativo
Béu, béu, béu! "Os cães ladram e a caravana passa!", já se diz na minha terra...
Já muito se disse sobre a classe docente e citando uma colega que já por aqui passou "pérolas a porcos".
Não vale a pena discutir e argumentar com gente frustrada e do contra...
Caro Fiat,
Não tenho Ferreira Leite no nome, garanto-te! A democracia é isto. Discutir e opinar.
O artigo fala noutra coisa que te esqueceste de mencionar.
Os grandes prejudicados com as greves dos professores são os alunos.
Lembro-me bem de uma greve que se fez por altura(imagine-se) dos exames nacionais de acesso à universidade. Eu estive metido ao barulho, porque queria fazer exames e estava dependente de outros que ignoravam o meu e o esforço dos meus colegas.
Já o disse várias vezes, antes de ser interrompido por agressões à minha pessoa, que não estou a favor ou contra ninguém.
Simplesmente pede-se mais compreensão de parte a parte. A ministra não recua e o sindicato não recua.
Dou-te um exemplo de como as coisas funcionam mesmo em democracia: no Blackjack, se empatas com a casa, a casa ganha.
Ao fim ao cabo, o Governo é quem decide o nosso futuro. Por mais que tentes boicotar uma coisa, ela acabará inevitavelmente por ser da maneira que quem tem o poder quer.
Este empate acabará como no Blackjack.
Certo ou errado? Não sei, mas não é com reuniões de 6 minutos que se resolvem os problemas.
Mário Nogueira é um péssimo representante da classe. A sua sede de protagonismo e constantes aparições nos media não ajudam à causa.
Realmente não estou por dentro, tintin por tintin, do modelo de avaliação proposto, mas já li que será mais burocrático e trabalhoso.
Concordarás comigo que para o tornar mais leve e funcional, deveríamos ter opiniões concretas do que poderia melhorar. Até a "tua querida" Milú já disse que está preparada para o rever no próximo ano.
Porquê este drama todo? Porquê estas lutas que enchem sites e jornais e telejornais todos os dias?
Não será isso uma consequência de falta de diálogo de parte a parte?
Agradecendo o teu comentário construtivo, digo-te que há tanta coisa que nos devemos preocupar, sem ser a avaliação dos professores.
Gostava era de ver professores a lutar por maior respeito à classe na sala de aulas e um maior poder ao professor na formação cívica dos alunos.
A teoria de que os pais se não ensinam boa educação em casa, também não são os professores que vão ensinar, não pega.
Lutem por causas que não têm a ver com o vosso bem estar e mais com a dignificação da carreira. Serei o primeiro a apoiar.
A avaliação ao fim ao cabo esconde a verdadeira natureza do problema. A subida de escalão e a consequente subida no ordenado.
Gostava de ver como era antigamente, em que o professor era alguém que imponha respeito e que quando entrava numa sala, toda a gente se calava.
Hoje em dia vemos "dá-me o telemóvel já" e agressões físicas e verbais e mesmo assim não há quem se importe com isso.
Lutem por programas realistas, por professores com mais poderes na sala, menos lobbies nos manuais escolares e eu serei o primeiro a apoiar a causa.
Desculpa lá o testamento!
Cumpts!
@ anónimo
Realmente, a minha opinião não conta para nada. Mas não deixa de ser a minha opinião por causa disso.
@ Pardal do Telhado
Se não vale a pena porquê insistir? Já lhe disse antes que se não me der razões concretas para que apoie a sua causa, dificilmente mudarei de opinião.
Só ouço que o modelo não serve. Então qual serve?
O único argumento que vi usar foi o insulto. Pérolas a porcos? P*ta que o p@riu às pérolas então
Ia escrever alguma coisa mas o André do que o André escreveu não há mais nada a dizer, a não ser que os professores estão a dar vários tiros nos pés e fizeram exactamente aquilo que o governo queria. Envergaram pela guerrilha em vez do diálogo. Realmente não conheço todos os pormenores da dita avaliação mas aparentemente os sindicatos também não. 6 minutos é muito tempo para dialogar. É ainda não se ouviu (pelo menos eu não ouvi) nenhuma proposta de alteração do processo de avaliação. Não à avaliação e ponto final. E o que é que conseguiram com isso? Nada! Ou melhor conseguiram por o resto do país contra os senhores. Nem associações de pais (que são muito pouco interventivas, diga-se de passagem, se é que elas existem na realidade), nem as associações de alunos, nem o resto da população.
O país precisa de reformas. Há muita coisa para mudar e a educação como pilar central de qualquer sociedade é sempre um tema muito melindroso, pois estamos a falar do futuro de um país. Não é com atitudes de eu estou certo e o resto do Mundo está errado que vai ajudar a melhorar isso. Apresentem propostas, ou contra-propostas como preferirem e argumentos válidos. Com o quero, posso e mando, de ambas as partes, não vamos a lado nenhum.
Amigo Fiat quanto à greve, só queria lembrar-te que a nossa liberdade acaba quando a dos outros começa, portanto que culpa têm os alunos das lutas dos professores?! Mas se não tiverem aulas serão altamente prejudicados. No dia de greve o país viu que muitos dos alunos, que alguns até pensavam que não passavam de um bando de inconscientes que só querem é boa vida e mais nada, a esperar o dia todo, em algumas escolas, pelo professor pois não podiam perder aquela aula. E isso é outro assunto. Os programas são muito vastos para um tão curto espaço de tempo e ninguém faz nada em relação a isso!
Devo admitir que a manifestação de sexta-feira à noite não prejudicou ninguém mas eu passei por lá não eram mais do que meia dúzia (maneira de falar). Pelo menos não foi convocada nenhuma greve numa segunda ou sexta-feira, durante o horário de expediente, como até há muito pouco tempo era comum para assim poderem aproveitar o fim-de-semana maior ainda. Mas que pouca-vergonha era essa. Nós tínhamos que adivinhar porque raio os professores estavam, novamente de greve. Greve sim senhor, pois é um direito que nos assiste e que nunca deve ser proibido até porque muita gente lutou muito por ele. Mas com regras. Nesse sentido os professores tem muito que aprender. Lembro-me por exemplo das greves nos EUA onde os grevistas ficam à porta do seu local de trabalho (todos eles não só o dirigente sindical e mais meia dúzia e isso só quando as câmaras estão por lá, porque depois simbolizam) a protestar vivamente pelos seus direitos e isso durante todo os dia.
Caros André e Jordão
percebo os vossos pontos de vista (da perspectiva dos alunos/prejudicados).
Mas há um facto (não é opinião) irrefutável:
- As greves prejudicam sempre alguém.
- Se não prejudicassem ninguém, se a vida ficasse igual no tempo em que dura a greve (se as greves fossem completamente indiferentes para todos, excepto para os que fazem greve, que perdem o seu dinheirinho), nunca teria sido inventada a greve.
- Não há greves que não prejudiquem.
Mas se alguns tiverem que ser prejudicados para que muitos venham depois a ser menos prejudicados, paciência. É o preço a pagar. (Os próprios alunos serão beneficiados se as condições de trabalho dos professores forem menos penosas).
Saudações...democráticas :-)
P.S. Se ainda tiverem paciência vão ao meu blog e respondam aquela questão:
- Porque é que os melhores professores de 2008 e 2007 também fizeram greve?
Amigo Fiat ao logo da minha vida escolar excelentes professores aos quais devo muito a eles. Sou a pessoas que sou muito graças a eles. Só me lembro de 1 ou 2 maus professores. Ao contrário do que se vê hoje. E a meu ver uma avaliação, não propriamente essa, irá separar o trigo do joio. E assim melhorar o futuro do nosso país. Não posso admitir o: “ avaliação nem pensar!”.
Quanto às greves, para fazer passar o nosso ponto de vista não é necessário prejudicar assim tanta gente como fala. Aliás há que garantir os serviços mínimos como define a lei. E se os professores forem para a rua, para os portões da escola, de megafone na mão a explicar porque estão em greve, terão muitos melhores resultados do que ficar em casa a gozar mais um dia, não achas?! Nem eu nem o André somos contra as greves de espécie alguma, só que o seu sentido já está completamente desvirtuado, principalmente quando se fala de greve de professores. Uma porque já são tantas que já perdemos a conta e outra porque, como já escrevi, a grande maioria dos professores fica em casa. Assim como querem ter razão?! Ou pelo menos como querem que a população saiba porque razão estão em greve.
Volta Carla (da praia) estás perdoada!
Conto pelos dedos de uma mão a quantidade de bons professores que tive durante a minha vida de estudante. E ainda tenho 10 dedinhos nas minzinhas.
Perdoada??? LOL LOL LOL isso é que era o bom e o bonito, mas em post´s da "criatura do contra" eu não escrevo mais...
Para desperdiciar a minha "voz" com gente frustrada e que não sabe do que fala, criticando apenas a classe docente com comentários dignos de qual "Socrates e Milú",.... eu tenho mais do que fazer!!
Aulas para preparar, avaliações para fazer, relatórios e actas que neste final de período se amontoam...É que levo para fazer durante o fds. Sim, porque levamos trabalho para casa. Não estou a "coçar" durante os dias que se avizinham...
Fiquem Bem!
Carla (da praia)
Nem horas nem inglês...
O plural de post é posts. O apostrofe usa-se para a posse.
E o burro sou eu? E o ruim sou eu? eheheheheh
lolol
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