Candilhes com Letras - HqMoC

Não querendo de modo algum estragar a componente lúdico-cultural da rubrica, proponho desta vez uma leitura soft...Muito mais soft...
Tão soft que até lhe vai doer a barriga de tanto rir. Pelo menos eu fico!


Da autoria do grande Nuno Markl. O programa contava ainda com a participação de Maria Vasconcelos e Pedro Ribeiro.

Um programa de rádio que deu origem a 3 livros, espectáculos ao vivo e ainda a um programa semanal na TVI.
No fundo, os livros são uma compilação de histórias no mínimo absurdas e tremendamente hilariantes.
A saber os livros são:


- O Homem que mordeu o Cão (Texto Editora - 2002)
- O regresso d'O Homem que mordeu o Cão (Texto Editora - 2003)
e ainda
- O Homem que mordeu o Cão: A Revolução (Texto Editora - 2004)

Já os li a todos e destaco uma história intemporal...
É a já mítica carta do assentador de tijolos de Cascais...
É longa, mas vale a pena!

Esta é explicação de um operário português, acidentado no trabalho, à sua seguradora, que teria estranhado tantas fraturas num mesmo acidente… Há quem jure a pés juntos que é um caso verídico, e que a transcrição abaixo foi obtida através de cópia documental do arquivo da dita seguradora…

(O caso foi julgado no Tribunal da Comarca de Cascais - Portugal.)


AO TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE CASCAIS

Exmos. Senhores

Em resposta ao seu gentil pedido de informações adicionais, esclareço:

No quesito 3 da comunicação do sinistro mencionei “tentava fazer o trabalho sozinho” como causa do meu acidente. Na vossa carta V.Excas. pedem-me uma explicação mais pormenorizada, pelo que espero que sejam suficientes os seguintes detalhes:Sou assentador de tijolos e, no dia do acidente, estava a trabalhar sozinho no telhado de um prédio de 6 (seis) andares.


Ao terminar o meu trabalho, verifiquei que haviam sobrado 250 kg de tijolos. Em vez de os levar à mão para baixo (o que seria uma asneira), decidi, num acesso de inteligência, colocá-los dentro de um barril, e, com a ajuda de uma roldana, a qual felizmente estava fixada em um dos lados do edifício (mais precisamente no sexto andar), descê-lo até ao rés do chão.Desci ao rés do chão e atei o barril com uma corda e subi para o sexto andar de onde puxei o dito cujo para cima, colocando os tijolos no seu interior.


Retornei em seguida para o rés do chão, desatei a corda e segurei-a com força para que os tijolos (250 kg) descessem lentamente (denotar que no quesito 11 informei que meu peso oscila em torno de 80 kg.).Surpreendentemente porém, senti-me violentamente alçado do chão e, perdendo a minha característica presença de espírito, esqueci-me de largar a corda.


Acho desnecessário dizer que fui içado do chão a grande velocidade. Nas proximidades do terceiro andar, dei de cara com o barril que vinha a descer. Ficam pois explicadas as fraturas do crânio e das clavículas.Continuei a subir a uma velocidade um pouco menor, e apenas parei quando os meus dedos ficaram entalados na roldana.


Felizmente, nesse momento já recuperara a minha presença de espírito e consegui, apesar das fortes dores, agarrar a corda. Simultaneamente, no entanto, o barril com os tijolos caiu ao chão, e partiu o fundo.Sem os tijolos, o barril pesava aproximadamente 25 kg (novamente refiro-me ao meu peso indicado no quesito 11). Como podem imaginar comecei a cair vertiginosamente agarrado à corda, sendo que, próximo do terceiro andar quem encontrei? O barril, que vinha a subir. Ficam pois explicadas as fraturas dos tornozelos, as lacerações das pernas.


Felizmente, a redução da velocidade da minha descida, veio minimizar o meu sofrimento quando cai em cima dos tijolos em baixo, pois, felizmente só fraturei três vértebras.


Lamento, no entanto, informar ainda que, aínda houve agravamento do sinistro, pois quando me encontrava caído sobre os tijolos, incapacitado de me levantar, e vendo o barril acima de mim, perdi novamente a minha decantada presença de espírito, e larguei a corda. O barril, que pesava mais do que a corda, desceu e caiu em cima de mim, partindo-me as pernas.


Espero ter fornecido as informações complementares, que me haviam sido solicitadas.


Esclareço assim que este relatório foi escrito pela minha enfermeira, pois os meus dedos ainda guardam a forma da roldana.

2 comentários:

Jordão disse...

Aí aí presença de espirito!

Sónia Miranda disse...

God Damn'!!!! lolol