O mínimo que se pode dizer dos relatos que o Canal Benfica faz dos jogos do clube lisboeta é que são desconcertantes. Ao longo de hora e meia, um narrador e um comentarista sentam-se com um televisor em frente e vão relatando para a câmara o que acontece no campo onde joga o Benfica. Lá atrás, colocado de forma que os espectadores tenham uma ideia das imagens, mas nem por isso seja violada a exclusividade de direitos, outro ecrã está sintonizado no canal que efectivamente transmite o jogo. E, entretanto, narrador e comentarista vão descrevendo os acontecimentos em jeito de rádio local em dia de competições europeias: de forma perfeitamente amadora e gritando em delírio os golos do "Glorioso", enquanto apenas sussurram os golos do adversário. A razão por que lhe chamo desconcertante é porque não sei sequer dizer se é bom ou é mau. Quer dizer: é claramente mau. Por outro lado, é tão claramente mau que, no limite, pode ser também um interessante exercício sobre as potencialidades e as limitações da televisão, esse meio hoje tão heterogeneizado que dois terços dos seus fenómenos podem sempre ser abrigados sob o guarda-chuva do "experimentalismo". Facto: os relatos do Canal Benfica podiam muito bem ser uma invenção de uma estação local transmitida pela Inter-net; e também podiam ser um programa da SIC Radical, caso em que teriam efectivamente muita graça. De maneira que, antes de decidir, mais vale passar por lá este domingo. Se o Benfi-ca ganhar 5-0, serão cinco as oportunidades de ver aqueles dois homens aos gritos delirantes. Se perder, então é provável que assistamos a uma sucessão de afrontamentos em directo. Em qualquer dos casos, far--se-á história.
2 comentários:
Isto fez-me lembrar "Where the streets have no name"...
Não percamos tempo em guerras! O mundo precisa de amor!
Um objectivo delirante
O mínimo que se pode dizer dos relatos que o Canal Benfica faz dos jogos do clube lisboeta é que são desconcertantes. Ao longo de hora e meia, um narrador e um comentarista sentam-se com um televisor em frente e vão relatando para a câmara o que acontece no campo onde joga o Benfica. Lá atrás, colocado de forma que os espectadores tenham uma ideia das imagens, mas nem por isso seja violada a exclusividade de direitos, outro ecrã está sintonizado no canal que efectivamente transmite o jogo. E, entretanto, narrador e comentarista vão descrevendo os acontecimentos em jeito de rádio local em dia de competições europeias: de forma perfeitamente amadora e gritando em delírio os golos do "Glorioso", enquanto apenas sussurram os golos do adversário.
A razão por que lhe chamo desconcertante é porque não sei sequer dizer se é bom ou é mau. Quer dizer: é claramente mau. Por outro lado, é tão claramente mau que, no limite, pode ser também um interessante exercício sobre as potencialidades e as limitações da televisão, esse meio hoje tão heterogeneizado que dois terços dos seus fenómenos podem sempre ser abrigados sob o guarda-chuva do "experimentalismo". Facto: os relatos do Canal Benfica podiam muito bem ser uma invenção de uma estação local transmitida pela Inter-net; e também podiam ser um programa da SIC Radical, caso em que teriam efectivamente muita graça.
De maneira que, antes de decidir, mais vale passar por lá este domingo. Se o Benfi-ca ganhar 5-0, serão cinco as oportunidades de ver aqueles dois homens aos gritos delirantes. Se perder, então é provável que assistamos a uma sucessão de afrontamentos em directo. Em qualquer dos casos, far--se-á história.
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