Manuel Moniz. Mas primeiro mais uma sublime introdução, de um outro regresso muito aguardado – the most wanted man on is island: Papio Cynocephalus:
Leitura obrigatória o texto de Manuel Moniz sobre o Açores 9, esse New York Times do Porto Formoso.
“Por uma questão de vergonha na cara!” by Manuel Moniz
“Recebi esta semana em casa mais um exemplar do jornal “Açores 9” e desta vez não me contenho: esta pouca vergonha vai ter de acabar, e se não for de uma maneira será de outra! Porque se o Governo não tem vergonha na cara, eu, como açoriano, tenho – e isto é uma mancha no nosso bom nome de açorianos!
Desde logo, este não é um jornal qualquer. Quer dizer, não é um jornal sequer: a sua ficha técnica, que prima por afirmar que tem um gabinete de “consultores jurídicos” com dois advogados (!?), não cumpre mais nenhuma legislação em vigor para os jornais verdadeiros. Nomeadamente a mais importante: o registo do título. Ou seja, não é um jornal.
Mas o mais grave ainda é a relação perigosíssima que este (não sei que lhe chame, pois o disfarce está bem feito), digamos, folheto publicitário, tem com os dinheiros públicos. Há meses sem conta que o Governo anda a colocar ali 3 páginas de publicidade, sabe-se lá através de que rubricas orçamentais. Nesta edição, chega-se a cúmulo de haver 3 páginas de publicidade do Governo e 1 de privados. Mas que disparate é este? O Governo não só é o principal accionista deste folheto, como é já praticamente o único (até porque dos 4 quartos de página de publicidade privada, 1 é do próprio jornal).
Ou seja, o dinheiro dos contribuintes está a ser utilizado para promover um folheto publicitário muito sui generis. É ver, por exemplo, a “manchete” deste mês: “A Arte de Governar no caos”, diz o folheto, sugerindo que os Açores são esse caos. “Governar uma Região tão acidentada como as ilhas açorianas requer muita paciência e um savoir faire que não perdoa erros. Assim, 2009 foi um ano duro para o governo de César, que já tem apanhado turbulências enormes na sua já longa viagem política à frente dos destinos insulares. Não fora a clareza de pensamento e a sua indomável vontade (que muitos confundem com teimosia), e César já era…!”
Mas isto é aceitável? O Governo pagar para fazer chegar às casas dos açorianos textos de propaganda dissimulados em forma de jornal? Tenho muita pena, mas não. Tudo o que o Governo fez os jornais penar, esvaziando-os para engordar uma máquina de propaganda perfeitamente imoral, tem de ter um preço. Fica o aviso muito claro: eu, com o 1/244.000 que detenho nestes Açores, não quero jogadas dessas. Porque se não têm vergonha na cara, eu tenho!”
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