Mas o que é vem a ser isso do Observatório Regional de Turismo? Um sitio para observar Priolos, baleias ou mesmo um grupo turistas suecas, melhor: um grupo de candidatas a Miss Suécia 2010, em autocarros de 50 lugares?! Não, nada disso. Se bem que a última hipótese era capaz de ter alguma piada.
Do ponto de vista económico o Observatório tem repercussões importantes. Resta saber quais. E eu não tenho capacidade para perceber isso. No entanto, posso dizer quais as repercussões que terá para meia dúzia de pessoas e para Carlos Santos, perdão dr. Carlos Santos. Mas nem era preciso dizer, pois toda gente sabe.
O Observatório, uma espécie de miscelânea com Pavlov, Darwin e Big Brother (se estão a associar as palavras: Big Brother com José Castelo Branco, eu não tenho culpa nenhuma. São os senhores que estão a associar. Refiro-me ao programa de vigilância da população, ou parte dela, apelidado de Big Brother).
Ora aqui está um exercício que já não fazia desde a quarta classe, ou seja, aquele que muitos pensam ter sido o meu último ano na escola: um ditado. Mas não é um ditado qualquer. Trata-se do por no papel o Bom Dia Açores do dia 20 de Novembro. Só porque sim. E também porque achei giro, pronto:
Pedro Moura (PM)- Dr. Carlos Santos o objectivo desse estudo não só fazer o levantamento? É que as pessoas às vezes dizem: “tanto estudo, tanto estudo e depois na prática não melhora nada. Não vai ser este o caso?”
Carlos Santos (CS)– não, não é realmente mais um estudo para ficar na gaveta, entre aspas. O observatório encomendou estou estudo porque entendeu que a restauração é um produto estratégico no turismo nos Açores. É um elemento que qualifica o destino, a oferta do destino, qualifica também as experiências dos turistas que nos visitam. Portanto é um elemento fundamental da nossa oferta, que deverá devidamente estruturado. Portanto, o que este estudo fez? Fez uma avaliação do lado da procura da restauração dos Açores. Portanto, a nossa aproximação a este sector de actividade pelo lado da procura. Nós pretendemos e fizemos...medidos a satisfação dos turistas com os serviços de restauração...
PM – e caracterizaram esta procura ou não?
CS - caracterizamos esta procura, tanto em época baixa como em época alta...
PM – e isso em todas as ilhas?
CS – isso nas três ilhas principais, portanto: em S. Miguel, Terceira e Faial. Aliás onde há a maior concentração de restaurantes. Nas cidades das três ilhas principais. E depois desse diagnóstico da situação (…) Permitiu-nos dar umas recomendações de estratégia, porque é essa a função fundamental do Observatório. Uma das funções é motorizar a actividade turística, para ver se as coisas estão a correr bem, se não estão a correr bem e depois é fazer recomendações de estratégia...
PM - e de maneira é que depois essas recomendações vão chegar aos empresários da restauração, neste caso?
CS - muito bem!... mas só para completar: nós fizemos as três recomendações estratégicas: a primeira grande recomendação estratégica é alinhar o sector da restauração com esta ideia global de desenvolvimento e modelo de desenvolvimento global para os Açores, que é o Projecto MIT Green Island. Nós pensamos que todos os produtos turísticos dos Açores (...) devem estar todos orientados para alavancar esta ideia global de Açores ilhas verdes ou Azores Green Island. Para reforçar essa ideia do Slow Food (…) a segunda está ligada a toda cadeia desde o produtor e a terceira a certificação.
Mas em relação à sua pergunta, o observatório, como sabe, não tem por funções implementar os projectos, é recomendar, estudar, observar, recomendar estratégias ao governo, às autarquias, aos agentes do sector…
Isso tudo, para aí no minuto 35.
Já estamos a ver aonde é que este estudo vai parar, não estamos?! Mas é giro observar como é que esses senhores seguram os seus tachos. Desculpa dr.Carlos Santos, a sua bimby. E já agora: isso de ter o dr. Carlos Santos atrás dos turistas não será muito boa ideia. Pelo menos para muitos deles.
Por essas e por outras que talvez fosse mais interessante se o Observatório fosse observar o crematório. É que para além de rimar esquivávamos assim dos intermediários, que são sempre a evitar: estorricávamos directamente os nossos impostos.
Depois veio o Pedro Moura e disse que muitas vezes onde se come melhor é em sítios que estão muito longe da certificação. Borrando a pintura todas aos dois outros senhores. E fez ele muito bem, porque quem executa um estudo “nas três ilhas principais” só merecia isso. No Pico está instalado, porventura o restaurante mais bonito dos Açores – O Canto do Paço, em S. Jorge, na Urzelinha, no restaurante o Castelinho tivemos das nossas melhores refeições que temos memória, nas Flores presenciamos uma, no restaurante Pôr do Sol uma experiência gastronómica fantástica, em que todos os ingredientes eram recolhidos ali mesmo no quintal, no meio da magnifica freguesia da Fajãzinha. E esses são apenas três exemplos.
Realmente das palavras aos actos vai uma distância enorme. É assim que se combate a desertificação?!
Sem comentários:
Enviar um comentário