Hipoglicemia - A culpa é do “Rendimento Mínimo” ou da falta dele…

“O capitão do Porto de Ponta Delgada, Comandante Castro Garcia, disse que a intervenção da Polícia Marítima ocorreu depois de ter recebido, ao início da tarde, a informação de que o barco estaria em contra-ordenação.

A Polícia Marítima constatou no local que a embarcação estava a pescar a cerca de 300 a 400 metros da entrada do Porto de Rabo de Peixe, o que é proibido, uma vez que estão a ser delapidados recursos, explicou.

Segundo o Comandante Castro Garcia, na altura os pescadores escaparam pelas rochas, deixando a embarcação amarrada numa pedra.

O barco foi depois recolhido e apreendido pela Polícia Marítima, acrescentou o capitão do Porto de Ponta Delgada, indicando que a embarcação está ilegal.

A situação, naquele porto da costa Norte de São Miguel, provocou contestação de populares, tendo sido necessário recorrer à PSP para repôr a ordem, disse.

Em declarações ao Correio dos Açores, fonte da PSP disse não poder precisar quantos elementos da PSP foram para o local, mas confirmou que foram vários agentes de várias esquadras, que para além de Rabo de Peixe, foram de Ponta Delgada, Ribeira Grande e Lagoa. Uma situação confirmada pelos próprios pescadores.

A Polícia Marítima tentou apanhar o alegado infractor mas os pescadores revoltaram-se e furaram os pneus do jipe da Polícia Marítima, o que levou as autoridades a pedirem reforços à PSP. O comando regional confirma que foram enviados agentes de Rabo de Peixe e do próprio comando, em Ponta Delgada, mas não confirma o número. Alguns dos pescadores envolvidos falam em 300 populares contra mais de 50 agentes da PSP.

A pessoa que tem necessidade foi ver se apanhava alguma coisa para comer, entretanto aparece a polícia marítima para multar a pessoa. Os pescadores reuniram-se todos e disseram que não era justo. Tantos barcos de pesca levam aparelhos de pesca para o mar e não podem pescar até certas milhas e vão na mesma.

Os pescadores ouvidos pela Antena 1 Açores, admitem que a pequena lancha não tinha autorização para pescar, mas defendem que o pescado não era para venda, mas sim para alimentar a família, cujo homem que foi ao mar é pai de 4 filhos pequenos e não tem Rendimento Mínimo.”

In Correio dos Açores de hoje, 13 de Outubro.

Não, não é o guião de um filme de Hitchcock, mas um verdadeiro relato de uma realidade que estranhamente teima em persistir, apesar dos EFTAs, dos muitos milhões gastos ou dos muitos “rendimentos mínimos”. Só mesmo em locais como aquele em que, de um momento para o outro, reúnem-se, espontaneamente, 300 indivíduos, para vandalizar e agredir agentes de autoridade, que estavam a cumprir o seu dever: proteger os recursos marinhos, que são de todos nós! Esses trezentos cidadãos, não trabalham? É que isso ocorreu ontem a meio da tarde! É por essas e por outras que muitos contribuintes já estão compulsivamente contra o “Rendimento Mínimo”. É por causa desses 300 indivíduos que locais como Rabo de peixe têm a fama que têm. Porque, acreditem meus senhores, esses 300 são uma pequena minoria. Por lá há muita gente honesta, trabalhadora e ciente da sua liberdade!