Hiperglicemia - A tarde quatro vezes negra

Sábado foi um dia negro para a Ribeira Grande. Como se não bastava-se a inauguração da casa de banho fortificada, mais estúpida e cara do país, no último dia da semana passada realizou um evento que irá marcar para sempre a vida de pelo menos oito pessoas (pelo menos porque podem ser nove ou dez, no caso de gémeos). Uma tourada à corda numa ilha sem tradição só podia ter aquele resultado, para além de que não tem piada nenhuma, ao contrário do que tanto apregoam por aí. O menos mau é o quinto toiro e esse está sempre por aí, mesmo ao virar da esquina, desde que a cerveja esteja a temperaturas decentes.

Se o objectivo era afugentar gente aos magotes, contratavam a equipa de râguebi da New Zealand. A cor do equipamento é o mesmo e os cornos dos toiros magoam menos. E só estamos a falar do Haka:


Era capaz de sair mais barato para além de que bem mais simpático. É que mesmo com 15 jogadores de campo, mais 15 suplentes e ainda a equipa técnica, esses bebem e comem muito menos do que 18 capinhas e pastores, amigos dos pastores, fotógrafos, técnico de som, o “cameraman”, o amigo do “cameraman” e seus acompanhantes, mais o ganadeiro e algumas acompanhantes. Todos eles com seus bigodes milimetricamente aparado (mesmo as acompanhantes) e com as suíças em bico até ao nariz (aí é que se distinguiam das acompanhantes).

E porque é que era bem mais simpático? Porque ninguém se magoava, a sério, do tipo: pneumotorax, fracturas, escoriações e afins e isso mesmo tendo em conta que no râguebi está prevista a “pausa para sangue”. Para além de que a gigantesca quantidade de lixo produzida, em pouco mais de quatro horas foi verdadeiramente estúpida.

E o que dizer da forma como os animais são tratados? Horas a fio (ao que consta, estiveram 3 dias dentro de um micro contentor) enclausurados num sufocante caixote, sob temperaturas abrasivas (mesmo sendo a tourada atrasada duas horas). Não deve ter sido nada agradável.

Na Terceira, S. Jorge ou Graciosa até pode ter alguma piada mas aqui não tem “tarelo” nenhum. E pelas nossas contas já lá vão pelo menos cinco só o ano passado. E já em Julho há mais uma, na Lagoa. Têm razão aqueles que afirmam tratar-se de um negócio, essa tentativa de incutir uma tradição do grupo Central, em S. Miguel.

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