Nos US Navy SEALS a taxa de reprovação mais de 40%. Na US Coast Guard mais de 50% dos candidatos a nadadores salvadores - Rescue swimmer são excluídos. Dos 25 inscritos para o curso de aspirante a bombeiros, só 15 é que voltaram ao quartel para completar os assuntos burocráticos, pré curso. Talvez assustaram-se com os pedidos de licença para entrar na sala de tv ou para acender um cigarro, pela rapidez com que são feitas as saídas ou com a quantidade de chamadas que são atendidas, com peso das botas ou pelas histórias que os mais velhos contam uns aos outros, num tom um pouco mais elevado, filtrando os possíveis bons bombeiros.
Afinal parece que o trabalho pro bono, deixando amigos, família, namorada para trás e arriscar a sua vida, dia após dia, toque de sirene após toque de sirene - do alto da casa escola ou do telemóvel de cada um, não é para todos. E como não bastasse todas essas contrariedades, eis que surgem um novo pacote de medidas que, na opinião de muitos, deixará os quartéis ainda mais vazios. É que com cargas horários anuais dessas, são muito poucos os que irão poder cumpri-las. Pior, em muitas associações será mesmo impossível cumprir tais requisitos. As 140 horas exigidas para socorrismo, piquetes e simulacros, mais 70 horas para formação, instrução e ainda as 65 horas para diversos são impossíveis de cumprir na Região Autónoma, com as excepções das Associações de Ribeira Grande, Ponta Delgada, as duas da ilha Terceira e a do Faial, pelas simples razão de que não há, felizmente, volume de serviço nas outras áreas de intervenção. Como é que, por exemplo um bombeiro nas Flores, que tem, em norma, 1 incêndio por ano irá cumprir essas horas?!
Mais, há anos em que não podemos cumprir esses "objectivos" até porque a nossa vida não nos permite: construção de casa, estudos, ser pai/mãe, enfim um monte de factores. Resta-nos esperar que Nossa Senhora da Estrela ilumine certas mentes, para que situação seja revista, até porque não haverá outra hipótese.
Já agora e para que certos políticos não se sintam vangloriados, a razão pela qual mais de 100 homens e mulheres saíram de casa às 4 da manha, no dia mais frio do ano, não foi para assistir entrega de um óbolo (por acaso as viaturas são do melhor que pode haver para a função) mas sim para ir prestar homenagem à sua padroeira e aos seus camaradas falecidos.
Depois disso só podemos ter esperança que o carisma do 2º comandante, a audácia da Carla, a calma do Ruben e a paixão do Afonso sirvam de exemplo para os poucos, mas bons, que iniciam essa caminhada que todos queremos que seja longa. Até porque não existem homens sem medo, só mesmo muito treino, trabalho e dedicação.
Fotos gentilmente cedidas pelo Afonso, desde já o nosso muito abrigado.
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