Candilhes com Letras - O Caminho mais longo

Imagem retirada daqui.



Durante 15 semanas, percorreram as estradas da Europa, Eslováquia, Ucrânia, Cazaquistão, Mongólia, Sibéria e Rússia, atravessando o Pacífico até ao Alasca, e descendo pelo Canadá até aos Estados Unidos. Ewan reparara que era possível dar a volta ao mundo, atravessando o estreito de Bering e entrar no Alasca a partir da Rússia. A viagem não foi nenhuma habilidade publicitária. É uma distância de 30 000 km. Significa ter de atravessar 19 zonas horárias e 3 continentes, passando pelos montes Urais, pelas Montanhas Rochosas e por dois desertos. Diariamente, a dupla cobria distâncias equivalentes à que separa Londres de Edimburgo numa mota carregada com o equipamento necessário à sobrevivência do homem e da máquina por 3 meses.”

Inspirados pela obra de Ted Simon - Jupiter’s Travels, os actores Charley Boorman e Ewan McGregor, conceberam O Caminho mais longo - Perseguindo Sombras através do Mundo, traduzido do original Long Way Round.

Entre alguns erros de tradução e de português, mas nada que aqui os leitores do Candilhes não estejam habituados, os dois britânicos aventureiros relatam as suas mirabolantes aventuras da volta ao Mundo. Do sempre a fundo na Europa, se excluirmos alguns problemas iniciais com a equipa de filmagem, constituída por mais um motar - Claudio von Planta e 2 jipes de assistência, que muito esporadicamente viajavam com as motas, as poderosas e muito resistentes BMW R 1150 GS, os produtores David Alexanian e Russ Malkin e o operador de câmara Jim Simak. (durante a travessia da Rússia, o médico Vasily e o perito em segurança Sergey), passando pelas as 15 horas gasta na burocracia na fronteira em a Eslováquia e Ucrânia, que foram prontamente compensadas com a hospitalidade da máfia que entre AK-47, violas e muita vodka transformaram a estada num dos países mais frios e assustadores (para quem viaja de mota) numa experiência inesquecível e acolhedora. No Cazaquistão a fama quase que ia estragando a viagem. Os batedores policiais sempre a abrir caminho por entre paisagens lunares e cidades no meio do nada, montes de jantares com políticos e entrevistas para os poucos meios de comunicação do país.

Na Mongólia a lama e a hospitalidade Mongol tornaram uma experiência única e marcacante, com os relatos de sobrevivência impressionantes das crianças abandonadas em Ulan Butor, muitas nem 8 anos tinham.

Por fim e a terminar o seu percurso na Ásia, a temivel “estrada dos ossos” (M56 Kolyma Highway), com a sua horrível origem, cortada por dezenas de rios e árvores. Só foi mesmo possível de ultrapassar graças à engenharia soviética presentes nos gigantescos camiões. Mas antes fizeram parte do percurso de comboio, pois era a única forma de viajar.
Levaram 11 semanas de Londres até ao ponto mais Oriental da Sibéria – Magadan

E depois de viajarem de avião até Anchorage, a primeira cidade no Alasca, cobriram o maior estado americano, o Canadá e o resto dos Estados Unidos, até New York em apenas 4 semanas e sempre com o pensamento no final da viagem e no reencontro com suas famílias e amigos.

Curioso é que sofreram o seu único acidente rodoviário (com as motas) no continente americano e a única vez que foram assaltados foi numas termas nos Estados Unidos. O que não deixa de ser irónico, ou não, já que percorrem milhares de milhas em países dos mais pobres do Mundo.

Nas 4 semanas que levaram do Pacifico ao Atlântico pararam na oficina de motas mais famosa da actualidade a OCC - Orange County Choppers dos Teutul.

Um relato impressionante de aventuras de uma parte do globo muito pouco conhecida relatada por duas figuras cujo mediatismo tornou-se ainda maior com o livro e o documentário resultante. E que nos deixou, mais uma vez com vontade de partir. Pena o preço é que quase 20€ por um livro é muito dinheiro.

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